terça-feira, 14 de julho de 2009

O fim das autocracias

Ontem passamos de raspão sobre o sentido histórico do que se chama agora de socialismo do século XXI. Aprofundemos um pouco.
Estamos em nova fase histórica. Nossos presidencialismos fortes, herdados da independência e república, continuam a permitir aos nossos povos eleger presidentes populares. Estes, vacinados com o martírio antinacional, antipopular e antidemocrático da contrarevolução burguesa estendido na longa noite ditatorial, constroem e institucionalizam novas relações com a massa trabalhadora desorganizada e trazem-na ao centro do poder. Põem-se a construir novas relações políticas, econômicas e sociais que dão sentido a essa centralidade, alterando radicalmente os capitalismos da miséria, liquidando sistemática e despiadadamente a subalternidade destes ao capital monopolista e às suas aliadas preferenciais, as classes burguesas nativas e forâneas. Essa nova sociedade democrática, popular e soberana toma a forma teórica de um novo projeto socialista, socialismo do século XXI. Projeto esse ainda percorrendo o rubicão de sua transição à estabilidade e fortaleza políticas em meio ao vendaval de gritos, pressões e ameaças de toda a ordem proferidos pelos vários interesses feridos de morte. Se essa transição manterá ou não a centralidade das maiorias trabalhadoras isso é matéria para o futuro. O que sabemos é que essa é condição vital para a sua sorte e destino dos interesses populares e nacionais.
As democracias burguesas nos capitalismos da miséria, nascidos do ventre colonial, são autocracias vetadas à autotransformação. Ao transpor a barreira de seu enfeudamento às classes dominantes (e burguesias em geral) são invariavelmente vítimas de golpes de estado. A autocracia é a forma histórica de os grandes negócios servirem à divisão imperialista do trabalho mundial. A operação Chavez trata de erguer barreira ideológica e política contra a violação da democracia autocrática, democracia dos barões. A nova democracia popular que brota com a institucionalização dos canais políticos dos novos executivos com o povo, a massa trabalhadora até então destituída de poder vai democraticamente afogando a representação das burguesias todas, da micro à monopolista. Na ideologia da contrarevolução burguesa isso se configura como sendo um golpe de estado, ou seja, sua ideologia veta a transição democrático-popular das suas democracias autocráticas. As novas democracias populares são momento vital da emancipação social das maiorias trabalhadoras, quando elas iniciam seu novo trajeto rumo à sua autodeterminação política e econômica.