terça-feira, 7 de julho de 2009

Novas do pré-sal

Supunha-se que o pré-sal seria concebido como exercício da plena soberania nacional. Que os projetados super-lucros de sua exploração seriam destinados à redenção dos miseráveis, invertendo o sentido histórico de nossa matriz colonial que teima em persistir até os dias de hoje, dilacerando gerações de brasileiros e condenando o país a uma eterna busca de sua grandeza firmemente adiada para as suas maiorias trabalhadoras. Falou-se nessa redenção e na forma de conceber a exploração do pré-sal. Pois não é que a página de E-2 da Ilustrada da FSP do dia 3 de julho nos vem dizer que os vastos territórios do pré-sal, aquele propalado oceano de petroleo, não será de exploração exclusiva dos brasileiros, mas, sim, um condomínio monopolista internacional, a ser explorado pelas irmãs gigantes e gerenciado por uma nova empresa estatal. Não bastasse tão auspiciosa subalternidade, o "batalhão de juristas e advogados", mais os tres homens mais poderosos da republica, a saber, o ministro das Minas e Energia, a ministra da Casa Civil e o presidente do BNDES, questionaram vivamente, de acordo com a nota, a possibilidade de a Petrobrás vir a ser aquinhoada, sem licitação, com vastas áreas de exploração, pois tal fato ocasionaria uma "enxurrada de ações judiciais contestando o privilégio".
Sem dúvida, desde quando o estado soberano pode dar-se ao luxo de privilegiar a si próprio e aos seus habitantes mais desfavorecidos? Isso era nos tempos em que o capitalismo brasileiro adoecia daqueles desejos insuportáveis de conquistar sua plena independencia politica e econômica. Naqueles tempos que precederam o golpe de estado de 1964 e felizmente superados para sempre. Neste novo estágio, conquistado pela ditadura e prosseguido pela democracia, a soberania é um privilégio insuportável. Nele nunca haverá redenção da miséria, pois a subordinação plena ao capital monopolista não tem e nunca terá - pois esta não é a sua essencia e o seu sentido histórico-, a tarefa de redimir os fracos e oprimidos. Parafraseando um certo senhor, diremos que a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. O resto é conversa fiada. O capitalismo da miséria não se autoimolará no altar dos pobres.