quarta-feira, 8 de julho de 2009

Novas do pré-sal - geopolítica

Os lucros do pré-sal não matarão a fome dos brasileiros, isto é batata. Antes de tudo, por princípio, matarão a fome de lucros das multinacionais do petróleo. Uma vasta e insaciável fome, no centro da qual se tece a Guerra Infinita.
Esta, planejada com muita antecedência e desencadeada no governo do Bush Junior e ainda não terminada na nova gestão do afável Obama, contra aquele senhor Saddam cujo coração seria o metrônomo do eixo do mal. Assim o novo imperialismo, através da sua nova guerra mundial, conseguiu acesso de conquistador ao petroleo do Iraque. Acesso plenamente soberano sobre o país conquistado.
Na América Latina, em outra latitude, a guerra sem quartel do velho imperialismo ao longo dos dois últimos séculos foi liquidando um a um todos os obstáculos nacionais que se lhe antepunham no caminho da conquista da desejada vassalagem a seus desígnios, da sua sêde de lucros e expansão de seu parque produtivo, de modo a constituir um tecido industrial-financeiro sob o comando de Wall Street e do capital monopolista. Os ingênuos pequeno burgueses brasileiros supuseram que a nossa história fosse passível de ser revertida pelo governo Lula.
Ousaram supor que o suicídio de Vargas, a construção da dependência expandida com JK (hoje tão oficialmente incensado) e o golpe de 1964 (de imediato apoiado por JK, diga-se, muito embora logo depois tenha visto fraudado o seu oportunismo com o assenhoramento pleno do poder pelos militares e núcleos civis - politicos e econômicos - das velha e nova direitas) fosse processo facilmente reversível. Reversível mesmo depois dessa subordinação, com FHC, ter alcançado os cumes udenisticamente sonhados de privatização do núcleo reitor do patrimônio público (à exceção ainda da Petrobrás). Supuseram poderem vir a ser reitores de uma nova história, de uma nova ordem sócio-econômica capitalista na qual esses fatos e suas forças sociais não fossem tão estupendamente dominantes do tecido econômico e político do país. Ousaram sonhar que o governo democrata cristão do núcleo reitor do governo do PT teria força e vontade de sublevar-se contra a dependência mais que perfeita ao capital monopolista.
Eis o destino do pré sal a desmenti-los mais uma vez, depois que sua passagem pelas várias instancias do poder do estado haja sido interrompida, pulverisada pela broca diamantada dos interesses do capital financeiro que marchava em direção ao coração do poder executivo, do qual, por fim, jorraria o petroleo do pré sal para as multinacionais.
Este nada mais fez do que subordinar-se aos ditames da longa guerra vitoriosa da contra-revolução capitalista: dividirá os lucros do pré-sal com o capital financeiro, abdicará de retransformar a Petrobrás em empresa decisivamente estatal e assim transformá-la em monopolista das novas fantásticas jazidas (cuja glória da descoberta e exploração se devem exclusivamente a ela!) e, ao invés disso, criará uma nova empresa estatal para administrar a exploração condominial do pré sal brasileiro, uma nova sinecura colonial.
Um presente ao combalido e decadente império norte-americano com o qual o mais ousado dos adivinhos jamais sonharia. Ao invés do exercício pleno e expansivo da soberania nacional exercido pela revolução democrática, popular e socialista da Venezuela sobre a industria do petroleo - vital para o país - este dócil espinhaço brasileiro, caído e transigente, dos que negociam com a manuntenção da miséria nacional e a sede de lucros do punhadinho de poderosos proprietarios privados.