segunda-feira, 7 de junho de 2010

BELO MONTE 1

Alerta à revista Carta Capital 27/04/2010

Estivéssemos ainda sob a ditadura empresarial-militar que precedeu esta democracia dos proprietários e burgueses em geral, diríamos ser compreensível a síntese ousada pela Carta Capital sobre o tema da hidrelétrica do Belo Monte em seu nº 593, “Um mal necessário”.
Contudo, dista muito da realidade o tal intento e, por isso, não consegue disfarçar sua filiação parcial e governista.
Nem os estudos subjacentes à averiguação de sua viabilidade ou os procedimentos formais e legais que conduziram até o conturbado leilão foram suficientes, quanto mais exaustivos e incontestáveis.
Importantes cientistas, estudiosos de longa data da questão energética e ambiental não puderam ainda comparecer às páginas dessa prestigiosa revista, tais como os professores Ildo Sauer, Osvaldo Arsenio Sevá ou Sinclair Mallet e tantos outros (e que tal antropólogos, geógrafos, historiadores, pajés e outros chefes nativos, biólogos, sanitaristas, etc.?).
Dado o salto qualitativo na escala predatória das elocubrações e feitos deste nosso velho capitalismo da miséria, agora monopolista e desde sempre subordinado, é da mais vital importância para as atuais e próximas gerações brasileiras (e por que não dizer da humanidade) o estudo o mais amplo e gabaritado possível dos descalabros energético-ambientais que se sucedem nos governos desde os tempos da ditadura formal. O ancestral descontrole social sobre o capital vem impondo às nossas maiorias sofredoras da ordem a exclusividade do seu projeto colonial desde 1500. Para além dos engenheiros oficiais e oficiosos do governismo de plantão, há uma vasta, séria e perplexa humanidade atenta ao nosso destino.